2011/11/25

Bulbophyllum Nocturnum revela-se

Descoberta uma orquídea que só floresce à noite.
Ed de Vogel, o especialista holandês que fez a descoberta na Papua-Nova Guiné, em 2008, só regressa à Europa em Janeiro. Até lá, a notícia tem pouca magia e terá de viver de um artigo científico sobre a nova espécie e das declarações de um co-autor, Andre Schuiteman, dos Jardins Reais Britânicos de Kew, Sudeste de Londres:
«É surpreendente termos encontrado uma orquídea que floresce à noite, depois de tantos anos de investigação», disse Schuiteman.
De Vogel, que encontrou a flor numa zona até aqui inacessível na ilha da Nova Bretanha – que estava a ser desbastada por madeireiros –, assina o documento com outros três autores. A primeira constatação é que, perante alguns exemplos de espécies de flor nocturna, podia suspeitar-se que houvesse algo do género na família das orquídeas: é a maior no reino das plantas, com cerca de 25 mil espécies. Mas há mais um argumento, e a explicação mais provável para o fenómeno: muitas espécies de orquídeas são polinizadas por insectos nocturnos.
De Vogel apercebeu-se do significado da descoberta no habitat natural mas só depois de ter licença para trazer alguns espécimes para casa pôde definir com rigor os horários de floração. No artigo conclui que as flores da B. nocturnum abrem por volta das 22h00 e fecham às 10h00, durando apenas uma noite.
O género Bulbophyllum é o maior na família das orquídeas, com 2 mil espécies conhecidas. A orquídea nocturna entra ainda numa categoria especial dentro desta família, onde só existem 38 espécies, 18 delas endémicas da Nova Guiné – as chamadas epicriantes. São ainda epífitas, o nome dado às plantas que crescem sobre outras plantas, um fenómeno mais comum nas florestas tropicais. «As flores destas orquídeas, embora sejam pequenas, destacam-se pela morfologia bizarra», escrevem os autores. As pétalas têm apenas 2,5 centímetros de largura e não deitam cheiro, embora Schuiteman tenha esclarecido ontem que o aroma pode não ser detectável pelos seres humanos – uma das curiosidades do livro de Loewer é que algumas flores, entre elas as de algumas orquídeas, só têm cheiro a partir do crepúsculo. O exemplo mais citado dá pelo nome de “rainha-da-noite”, a Brassavola nodosa.
Embora a espécie não esteja classificada na lista de risco da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN na sigla inglesa), o facto de ter sido descoberta em zona apetecida pela indústria madeireira levanta alguns receios. «O meu colega teve autorização para ir ao local. Percebeu que seria uma pena derrubar as árvores e destruir as plantas, deixando-as expostas ao sol», disse Schuiteman. Mas não há garantias de que o habitat se mantenha.

(ionline)

2011/11/03

Praticamos a Rodologia desde sempre, mesmo antes de sabermos o nome!