2004/08/26

A Tulipa



É comum pensar-se que as tulipas são originárias da Holanda, tamanha é a associação existente entre elas e este país. No entanto, esta é uma flor selvagem originária da Pérsia. Outras referências defendem que as tulipas são originárias da China, de onde foram levadas para as montanhas do Cáucaso e Pérsia. Por volta de 1500, foram extensivamente cultivadas na Turquia, e foi por causa da sua semelhança com o tulbend (um turbante usado pelos homens turcos) que foram chamadas tulipan. Chinesas ou persas, o facto é que elas se tornaram uma paixão para os holandeses, e essa paixão foi tão forte que chegou mesmo a gerar uma especulação financeira nunca vista até então nesse país.

Em 1562, bolbos de tulipa chegaram a Antuérpia, depois do botânico Conrad von Gesner as catalogar em 1559. Mas foi na Holanda que os bolbos encontraram terras férteis ideais, além de um povo que simplesmente amava flores. O entusiasmo pela tulipa gerou o desenvolvimento de muitas variedades com diferentes tamanhos e cores, chegando algumas variedades a um tal grau de raridade que uma única flor podia alcançar preços astronómicos. Antes do fim do século, as tulipas eram tão raras que só as classes verdadeiramente abastadas as podiam adquirir - por conseguinte, tornaram-se num símbolo de posição social, num sinal exterior de riqueza. Porém, comprar e vender tulipas tornava-se numa actividade cada vez mais lucrativa para os comerciantes: no Verão já se negociavam os bolbos que haviam de florescer na Primavera seguinte, cerca de um ano depois. O valor de uma propriedade de bolbos por florir podia passar, em poucas semanas, de 90 para 900 florins. A situação tornou-se tão crítica que o governo teve de intervir com leis rígidas para acabar com a especulação desenfreada. Quando os plantadores de tulipas entraram em colapso a Holanda viu-se em plena ruína financeira, tal a dependência económica do país daquele produto. Esta flor foi-se impondo aos poucos como o emblema nacional da Holanda.



Logo após a Segunda Guerra Mundial os holandeses transportaram milhares de bolbos para Ottawa, no Canadá. Este gesto simbólico mostrou a sua gratidão para com os soldados canadianos por livrar a Holanda da ocupação alemã, mas também para com o governo canadiano por ter recebido a sua rainha enquanto a guerra durasse. Este gesto notável ainda hoje é lembrado como uma oferenda única na história das relações internacionais.

Os bolbos de tulipa suportam bem o frio - na verdade, necessitam de passar um período de baixas temperaturas invernais para conseguir chegar à florescência de qualidade. Planta da família das Liliáceas, a tulipa produz folhas que podem ser oblongas, ovais ou em forma de lança. Do centro da folhagem surge uma haste erecta, com uma flor solitária formada por seis pétalas. As cores e as formas são variadas. Existem muitas variedades cultivadas e milhares de híbridos em diversas cores, tons matizados, pontas picotadas, etc.



A tulipa transporta consigo uma mensagem de elegância, sensibilidade e amor: a vermelha é uma declaração aberta de amor, um presente de um amante que se quer perfeito; a amarela expressa um amor sem esperança; a matizada pretende ser uma referência aos belos olhos de quem a recebe.

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2004/08/12

O Gladíolo


O nome do gladíolo é derivado do latim, onde "gladius" significa "espada" (outro dos seus nomes era "xiphium", que em grego também significa "espada"). Isto deve-se por um lado à forma das suas folhas, que longas e pontiagudas fazem lembrar espadas, mas também ao facto de ser a flor entregue aos gladiadores romanos que saíam vencedores de combate. Daí que esta flor simbolize, entre outras coisas, a vitória.

Os gladíolos são plantas originárias do continente africano, de Madagáscar, da Europa e do Oeste asiático, mas o maior número de espécies encontra-se em África. Compreende ao todo 180 espécies nativas, que crescem espontaneamente.

Os gladíolos são plantas de crescimento cíclico, emitem flores na Primavera que murcham com os últimos calores do Verão para que a planta sobreviva no Inverno. Caracterizam-se principalmente por uma inflorescência em "espiga", resultado de pequenos bolbos formados durante a estação fria. Todas as folhas saem da base, e o seu número varia entre uma e doze. As flores são bissexuais, cada uma é protegida por uma folha-invólucro (bráctea) à qual está acoplada, e o seu fruto encontra-se em pequenas cápsulas polvilhadas de sementes aladas.

Além do simbolismo original de vitória em batalha, o gladíolo foi adoptando também o significado de recordação, desejo, e quando oferecida pode querer dizer "perfuras-me o coração".

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2004/08/04

O Cravo



O cravo é cultivado há pelo menos 2000 anos. Alguns estudiosos acreditam que o nome de cravo vem de "coroação" ou "corone" (grinalda de flores), por ser a flor mais usada nas coroas cerimoniais gregas. Outros pensam que o nome tem a sua origem na palavra grega "carnis" (carne), referindo-se à cor original da flor, ou à encarnação de Deus (Deus fez-se carne em Jesus).

Na Coreia, ainda hoje, as meninas colocam três cravos no cabelo para saber a sua sorte: se a primeira flor morrer primeiro, os últimos anos da sua vida serão os mais difíceis; se for a flor do meio, os primeiros anos trarão as maiores dificuldades; se for a última flor a morrer primeiro, o pesar e os problemas acompanhá-la-ão durante toda a sua vida.

Para a maioria das pessoas, no entanto, os cravos expressam amor, fascínio e distinção. Os vermelhos representam admiração, enquanto os vermelhos escuro denotam amor profundo, paixão e afeto. Os brancos indicam amor puro e boa sorte (ao contrário do que se passa com as rosas, o cravo branco simboliza uma paixão mais exacerbada do que a do cravo vermelho); os raiados simbolizam o pesar de um amor que não pode ser partilhado; os cor-de-rosa têm o significado mais simbólico e histórico: de acordo com lenda cristã, os primeiros cravos apareceram na Terra quando Jesus foi levado para a cruz. Maria derramou lágrimas aos pés de Jesus, e cravos nasceram onde as suas lágrimas caíram. Assim o cravo rosa tornou-se o símbolo do eterno amor de mãe, e em 1907 foi mesmo escolhido para representar globalmente o Dia de Mãe, o que se observa ainda em muitos países do mundo.

Por cá esta flor transformou-se num símbolo de Portugal para o mundo, a insígnia mais marcante de Portugal no século XX, representando o regime fascista e a libertação revolucionária. Existem três versões sobre o aparecimento dos cravos vermelhos no dia 25 de Abril, todas elas simultâneas e credíveis. De acordo com a primeira, as flores surgiram devido a um casamento marcado para esse dia que não se pôde realizar por as conservatórias estarem fechadas. A segunda conta que uma empresa de exportação de flores tinha um carregamento de cravos para enviar para o estrangeiro, mas, com o aeroporto encerrado, as flores foram mandadas para o Rossio. A terceira versão é a mais conhecida e apresenta-se com um rosto que conta a história na primeira pessoa. A protagonista é Celeste Martins Caeiro, hoje quase a completar 71 anos. Tudo foi fruto de coincidências, de "acasos felizes", como ela diz. Celeste trabalhava num restaurante que fazia um ano nesse dia. Os patrões queriam fazer uma pequena festa, e por isso compraram flores para dar às senhoras. Mas nesse dia o patrão decidiu não abrir o restaurante, por não perceber o que estava a acontecer na cidade, e disse aos empregados para levarem as flores para casa. Eram cravos vermelhos e brancos. Cada um levou um molho. De regresso a casa, Celeste apanhou o metro para o Rossio e dirigiu-se ao Chiado. Deparou-se de imediato com os tanques. "Era um aparato! Quando vi aquilo... Bem, não há palavras. Sabia que alguma coisa se ia dar. E para bem, eu sentia que era alguma coisa para bem", diz. "Cheguei ao pé do tanque e perguntei o que é que se passava. E um soldado respondeu-me: ‘Nós vamos para o Carmo para deter o Marcelo Caetano. Isto é uma revolução!’ ‘Então, e já estão aqui há muito tempo?’, perguntei eu. ‘Estamos desde as duas ou três horas da manhã. A senhora não tem um cigarrinho?’ ‘Não, eu não fumo. Se tivesse alguma coisa aberta, comprava-vos qualquer coisa para comer, mas está tudo fechado. O que eu tenho são estes cravos. Se quiser tome, um cravo oferece-se a qualquer pessoa.’ Ele aceitou e pôs o cravo no cano da espingarda. Depois dei a outro e a outro, até ao pé da Igreja dos Mártires."

"Correu tudo muito bem", diz Celeste. "Tinha de correr, pois os cravos estavam nas espingardas e elas assim não podiam disparar!...".

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2004/08/02

Cravos para Zeca Afonso

Zeca faria hoje 75 anos. Parabéns, sempre!

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